Sinto na essência das pequenas
coisas o chamamento de uma vida plena, sem grandes aborrecimentos nem grandes
voos.
Fecho os olhos e consigo sentir o
tremor no corpo de tanta ansiedade, uma ansiedade de ouvir palavras perdidas
pelo vento que não foram nem nunca serão ditas.
Consigo sentir o poder da palavra
a embater contra a violenta força dos sentimentos, quero ver este choque
tremendo e quero assistir a um desfecho trágico para a falta de coragem.
Não quero ficar para sempre
prisoneira a pensamentos que não são meus, sou livre para sair de qualquer
lugar a qualquer momento com um valente sorriso espelhado no rosto como um
bruto de um diamante.
Quero comandar o meu corpo na
direcção certa e certeira, não escolho atalhos para chegar mais rápido, prefiro
chegar com calma e tranquilidade do que correr contra o que é certo.
É verdade sou assim, até podia
não ser, mas desde o momento que dei o meu primeiro suspiro, o meu primeiro
berro e abri pela primeira vez os olhos ao mundo, que sou desta forma.
Sou assim e aspiro freneticamente
pela imortalidade da minha capacidade de ver o mundo à minha maneira. Aspiro
pela imortalidade dos meus momentos, que apenas são momentos porque são meus e
não de outra pessoa qualquer.
Estou viva e cheia de força.
Estou aqui e agora, isso é mais do que suficiente para estar bem. Estou a
escrever porque quero chegar lá, mas que lá?
Um lá distante e cheio de
tropeços, um lá perto e cheio de mistérios. É certamente um lá que aguardará
por mim, mais cedo ou mais tarde.
Quando lá chegar sei que caminharei
rumo ao que sempre sonhei. Não tenho medo do fracasso, não tenho medo de cair,
não tenho medo disto nem daquilo.
Sou um tema indefinido mas muito
bem delineado, sou uma estrada longa mas segura, sou um porto vazio mas sempre
com abrigo para quem de mim precisar.
Ana Silva