sábado, 27 de abril de 2013


Sinto na essência das pequenas coisas o chamamento de uma vida plena, sem grandes aborrecimentos nem grandes voos.
Fecho os olhos e consigo sentir o tremor no corpo de tanta ansiedade, uma ansiedade de ouvir palavras perdidas pelo vento que não foram nem nunca serão ditas.
Consigo sentir o poder da palavra a embater contra a violenta força dos sentimentos, quero ver este choque tremendo e quero assistir a um desfecho trágico para a falta de coragem.
Não quero ficar para sempre prisoneira a pensamentos que não são meus, sou livre para sair de qualquer lugar a qualquer momento com um valente sorriso espelhado no rosto como um bruto de um diamante.
Quero comandar o meu corpo na direcção certa e certeira, não escolho atalhos para chegar mais rápido, prefiro chegar com calma e tranquilidade do que correr contra o que é certo.
É verdade sou assim, até podia não ser, mas desde o momento que dei o meu primeiro suspiro, o meu primeiro berro e abri pela primeira vez os olhos ao mundo, que sou desta forma.
Sou assim e aspiro freneticamente pela imortalidade da minha capacidade de ver o mundo à minha maneira. Aspiro pela imortalidade dos meus momentos, que apenas são momentos porque são meus e não de outra pessoa qualquer.
Estou viva e cheia de força. Estou aqui e agora, isso é mais do que suficiente para estar bem. Estou a escrever porque quero chegar lá, mas que lá?
Um lá distante e cheio de tropeços, um lá perto e cheio de mistérios. É certamente um lá que aguardará por mim, mais cedo ou mais tarde.
Quando lá chegar sei que caminharei rumo ao que sempre sonhei. Não tenho medo do fracasso, não tenho medo de cair, não tenho medo disto nem daquilo.
Sou um tema indefinido mas muito bem delineado, sou uma estrada longa mas segura, sou um porto vazio mas sempre com abrigo para quem de mim precisar.
Ana Silva

quinta-feira, 28 de março de 2013


O que será realmente a vida?
Eis uma questão tão simples de responder mas muito difícil de compreender. Já tentaram respirar o cheiro do mar e deixar que ele invada os vossos pensamentos, permitindo que ele acelere o bater do vosso coração?
 Já tentaram ser apenas aquilo que são, sem falsidades medíocres, sem sorrisos forçados, sem palavras que nada dizem, sem gestos forçados que apenas escondem os verdadeiros sentimentos da alma?
Quando conseguirem que tudo isto aconteça, eu própria apresento-lhes pessoalmente e calmamente a vida.
Deixem-me escrever aquilo que sinto, deixem-me ser apenas eu com os meus defeitos e as minhas qualidades, sou apenas aquilo que sou e não quero ser aquilo que outros idealizam. Sou famosa Não, tenho um cargo importante também Não, sou alvo de elogios vindo daqueles que esperava, também Não, mas querem saber melhor assim. Não espero nada disto porque também não quero ser forçada a mentir e a dar gargalhadas vindas do nada e direcionadas para o mais nada.
Quero apenas crescer enquanto anjo, quero aprender a voar para ser mais fácil um dia mais tarde, quero escrever e sentir na ponta dos meus dedos o bater acelerado do meu coração num fogo cruzado com a velocidade alucinante dos meus pensamentos.
Quero olhar e caminhar livremente no infinito, quero oferecer o meu sorriso em troca de nada, quero sentir a verdade das palavras ditas por bocas desconhecias ou até mesmo das conhecidas, quero ser eu, é difícil de compreender?
Quero pensar em ti todos os dias e amar-te como quando partiste da minha vida para encarar de frente a morte, quero pensar em ti pela manhã e ao anoitecer, quero pousar a cabeça na almofada e chorar por ti, deixa-me pensar em ti, entra nos meus sonhos e abraça-me toda a noite e fica assim por favor comigo, podes não dizer nada e sabes porquê? Porque consigo adivinhar os teus pensamentos.
Quero poder comandar a minha vida e não ser apenas uma figurante que decora um texto escrito por alguém que não seja eu. Quero, quero, quero e quero, será difícil de compreender? Esta ânsia de querer que me consome as estranhas, leva-me ao abismo da loucura.
Quero confrontar a mentira com a verdade e criar uma explosão terrível. Mas esperem, o que é a verdade?
Não sei, mas não faz mal. A vida mais tarde ou mais cedo vai-me sussurrar ao ouvido.

Ana Silva 

domingo, 17 de março de 2013


Escrever perspectivando a fusão do hoje e do amanhã é o meu maior desafio.
Escrever e sentir o tremor no corpo de quem não quer parar de escrever com medo de se esquecer das ideias é a minha maior meta.
Escrever com o coração na palma da minha mão sem medo de o deixar cair é a minha maior ilusão. Sentir a mão a doer de tanto escrever é o transcender das minhas próprias barreiras.
Escrever as minhas ideias, relatar os meus pensamentos, deixar fluir as minhas sensações, dar a conhecer a minha ânsia brutal de insatisfação é o meu sonho.
Conseguir apenas por palavras criar um cenário, com personagens vivas e sentidas, com cores ofuscantes e com um desfecho feliz é a minha maior prioridade.
Sentir que as palavras fazem sentido e espelham o seu verdadeiro significado, como o espelhar de um rosto puro e sincero na água mais límpida desta eternidade, é sem dúvida o meu maior anseio.
Querer dar às palavras a sua essência, usá-las e não desgastá-las como se fossem meros instrumentos nas nossas mãos é a minha maior batalha. Uma batalha travada com as maiores armas, uma batalha onde as rosas substituem o chumbo frio e doloroso, onde o vento a soprar de leve substituiu o som dos tiros certeiros e mortais, uma batalha cessada com o apertar de duas mãos e um abraço profundo e sincero lavado em lágrimas de alegria.
Escrever o descrever da sensação de voar sem nunca ter saído do lugar, conseguir por pequenas palavras descrever quem sou sem magia nem ilusão, conseguir gritar e dizer aquilo que quero e aquilo que não quero sem rodeios, é o maior desejo.
Conseguir escrever a maravilhosa mudança do dia para a noite, da luz para a escuridão, da alegria para a tristeza, da incerteza terrível para a mais firme certeza, é a minha maior ambição.
Conseguir manter a minha alucinante incerteza perante o dia de amanhã, manter a minha saudável loucura, brincar e rir de mim mesma, chorar de dor, gritar de entusiasmo é a minha maior certeza.
Escrever o hoje, perspectivando o desfecho de um amanhã e aguardar a resposta do depois, é a razão da minha luta.
Uma luta de hoje, do amanhã e de sempre. De um sempre desenhado com pontos de interrogação e contornado com pontos finais.

Ana Silva 

quinta-feira, 7 de março de 2013


Para muitos a escrita nada mais, nada menos é do que uma forma de visibilidade gratuita.
Para mim, não. A escrita é muito mais do que isso. É sentir sem pensar no amanhã, é libertar a alma do seu estado mais puro, é conseguir sair do meu coração e entrar directamente noutro provocando estragos profundos. 
É caminhar sem direcção, é voar nas asas da minha imaginação e superar-me a mim mesma, sem pensar no que os outros vão dizer. Escrever é sentir o cérebro a doer de tanta verdade, é querer o não querer, é nunca estar bem, nunca estar satisfeita e quieta.
Apaga, escreve, apaga, escreve. Risca, escreve, apaga, volta a alinhar. É isto mesmo a escrita, é a maior tentativa do ser humano, é conseguir escrever o incompreensível e tentar descobrir o compreensível, o mais fácil é sempre a tarefa mais difícil.
Escrever é deixar de lado, os vocabulários mais caros, que ninguém conhece, mas que é bonito. Esqueçam o bonito que não serve para nada, escrevam palavras baratas, mas escrevam com a alma.
Escrever é conseguir que o outro chore, porque consegue compreender e se rever em todas estas palavras, palavras que apenas são palavras, mas que acrescentando sensações, cheiros, cores, movimentos e pensamentos fazem deste texto um cenário vivo.
Escrever é conseguir retirar a capa que nos acompanha todos os dias, mas que ninguém dá por ela. Escrever é caminhar em frente sem medo de olhar para trás, é seguir a direcção que todos evitam com medo do erro.
Eu amo o erro, eu cresço com ele, eu aceito-o e tu?
Parem de pensar, parem de engenhar, parem de decorar um texto vicioso e malicioso para convencer aqueles que querem ser enganados, parem de revestir a verdade com mentiras descaradas, parem é difícil?
Parem de querer crescer sem princípios, parem de querer manipular o curso natural da vida. Esta não pára, não espera por arrependimentos medíocres. Se queres vai, se não queres vai na mesma, acredita que não te vais arrepender.
Arrepende-te apenas daquilo que nunca tentaste, porque também nunca te deram essa oportunidade.
Vive, porque o amanhã pode nunca vir a acontecer.

Ana Silva

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013


Sonho um dia conseguir com todas as minhas forças e de forma singela e sincera descrever a palavra Amor.
Descrevê-la e ser capaz de a compreender dentro de mim, sem equívocos, sem possíveis falhas e até mesmo sem possíveis enganos.
Amor é ter o poder de ver o outro tal como é e não como gostaríamos que ele fosse, respeitar as diferenças e abrir o nosso coração a um novo sentimento.
Deixar de pensar no dia de amanhã, viver intensamente o hoje e pensar só e apenas no momento, é termos a capacidade de deixar que o amor paire no ar e faça brilhar o arco-íris com as sua mais belas cores, deixar que ele nos abra por instantes a porta do paraíso e nos dê a oportunidade de voltar à realidade mais cruel e injusta num estalar de dedos.
Conseguir gritar sem medo ao mundo que o amor é o maior turbilhão de sentimentos que já ousamos experimentar é conseguir quebrar barreiras, é transcender a nossa realidade, mas acima de tudo enfrentar a vida e pedir-lhe paz eterna.
Viver um grande amor é partilhar emoções, é dar um carinho, é sermos sinceros sem receio da verdade, é dar as voltas ao próprio destino.
Amor é olhar nos olhos do outro e dizer num suspiro amo-te e sempre te amarei, até à eternidade. É enfrentar os nossos medos e conseguir ir noutra direção sem medo de caminhar sozinho, sem olhar para trás para não ter que dizer adeus ou simplesmente um até já.
Se tivesse que personificar o amor, personificaria e projectava a sua imagem numa bela rosa vermelha, queimada do passar do tempo e com espinhos que podem ferir se não tivermos cuidado e cautela.
O amor é assim, bonito como a rosa mas ao mesmo tempo perigoso como uma estrada vazia a pedir uma corrida a alta velocidade, onde o som das travagens é o cântico mais calmo do mundo.
Será o amor fogo que arde sem se ver?
O amor é o sentimento mais explícito do mundo, os olhares de amor são sempre denunciadores, as palavras dirigidas ao outro serão sempre palavras mais doces e os gestos são e serão sempre de doce concordância.
Conseguirei eu algum dia descrever o amor tal como é?
Conseguirei eu transmitir por palavras a magia do amor?
Um dia talvez sem pressa nem atropelamentos, um dia conseguirei.
Um dia talvez.

Ana Silva 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Momentos

A história da nossa vida faz-se de capítulos em capítulos, de momentos em momentos e até mesmo de episódios em episódios.
Um dia acordamos com todas as forças para enfrentar o mundo sem receios, no outro dia já somos pequenos fragmentos do todo que se partiu desde ontem.
Somos obrigados a ter que suportar situações menos agradáveis porque o medo do confronto directo é enorme. Porque não conseguimos pensar num amanhã liberto de assombrações, porque não conseguimos apreciar a vida tal como é: simples e curta.
A minha vida até se pode vir a tornar curta e instantânea, mas sozinha vivi momentos inesquecíveis, já ri de mim mesma, já cantei no chuveiro a alto e bom som, já dei um abraço a quem nunca esperava por isso, já disse eu gosto de ti sem ninguém me pedir, já escrevi o que sentia bem ou mal, mas já escrevi. Já chorei de dor, já chorei apenas por birra, mas já derramei lágrimas porque a vida tal como um rio passa e não volta mais. E eu mais do que ninguém tenho essa forte consciência.
Não derramo lágrimas porque passou, porque isso aceito é o curso natural da vida. Derramo sim porque todos nós perdemos tempo com coisas pequenas e mesquinhas, deixamos de lado as coisas mais importantes, como respirar e sentir o vento a tocar a nossa alma, deixar que o sol nos indique o caminho.
Eu sei que para muitos isto não passa de uma triste filosofia de vida, até pode ser, não condeno quem pense desta forma, mas sempre posso lamentar o seu pensamento.
Quem nunca tentou, quem nunca batalhou nunca saberá interpretar estas palavras, nunca saberá compreender o verdadeiro significado de todas estas ideias.
O dia a dia muitas vezes é como uma orquestra desafinada, nem todos tocam na mesma hora nem no mesmo compasso. Mas saberemos nós sermos os maestros da nossa própria orquestra?
Por vezes esta pode ser uma tarefa um quanto ao tanto difícil, mas com compreensão e calma lá chegaremos.
É certo que lá chegaremos.

Ana Silva

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


Todos somos a diferença
















Eu olho para ele e sinto-me completa.
Eu olho para ele e amo-o não por ele ser diferente, mas sim por ser único e especial.
Não sinto pena, não desvio o meu olhar, não desdenho e acima de tudo não sinto medo.
Fixo-me nos seus olhos e consigo sentir o seu amor, o seu carinho, a sua forma delicada de ver o mundo à sua maneira, acima de tudo a sua capacidade de moldar o mundo à sua forma e semelhança.
Não espera que o mundo o abrace, porque simplesmente ele já o abraçou desde que nasceu.
Gostava que o mundo compreende-se de vez a falta que eles nos fazem, eles ensinam-nos a viver de forma simples, mostram-se como um pequeno gesto, como um abraço ou um beijo pode mudar a nossa vida até mesmo o nosso mundo.
Entender a sua forma de estar, compreender a sua própria linguagem, impulsioná-los na rampa de lançamento que é a vida devia ser uma obrigação de todos nós.
Vivemos imbuídos de tal forma na nossa própria vida, vivemos para nós e para as nossas coisas, que nos esquecemos que para além da nossa visão existe um mundo que espera por nós, pela nossa bondade de ajudar o próximo e pela nossa dedicação.
Prefiro acreditar com todas as minhas forças que o mundo se encontra em mudança e que as diferenças vão deixar de ser um monstro nas consciências das pessoas.
Não vejo nenhum entrave nem imposição constante destas crianças na minha vida, na minha rotina nem na minha forma de estar.
Não tenho em mim o direito de fazer na primeira pessoa, não tenho o direito de ser porta voz de quem vive esta realidade todos os dias e sente-se bem e feliz com isso, não tenho o direito de julgar, porque também erro como qualquer outro ser humano, não fosse o erro inerente à condição humana.
Quero apenas ser um pouco melhor, quero amá-los sem condições, quero poder privar com eles e com tudo que eles me possam dar, quero ser para eles um pouco daquilo que o céu é para as nuvens.
Quero complementar-me para os fazer um pouco mais felizes porque simplesmente o merecem.
O mundo é grande o suficiente para estarmos todos juntos, sem restrições, sem maldades e sem discriminação cruel e dolorosa.

Ana Silva