quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013


Sonho um dia conseguir com todas as minhas forças e de forma singela e sincera descrever a palavra Amor.
Descrevê-la e ser capaz de a compreender dentro de mim, sem equívocos, sem possíveis falhas e até mesmo sem possíveis enganos.
Amor é ter o poder de ver o outro tal como é e não como gostaríamos que ele fosse, respeitar as diferenças e abrir o nosso coração a um novo sentimento.
Deixar de pensar no dia de amanhã, viver intensamente o hoje e pensar só e apenas no momento, é termos a capacidade de deixar que o amor paire no ar e faça brilhar o arco-íris com as sua mais belas cores, deixar que ele nos abra por instantes a porta do paraíso e nos dê a oportunidade de voltar à realidade mais cruel e injusta num estalar de dedos.
Conseguir gritar sem medo ao mundo que o amor é o maior turbilhão de sentimentos que já ousamos experimentar é conseguir quebrar barreiras, é transcender a nossa realidade, mas acima de tudo enfrentar a vida e pedir-lhe paz eterna.
Viver um grande amor é partilhar emoções, é dar um carinho, é sermos sinceros sem receio da verdade, é dar as voltas ao próprio destino.
Amor é olhar nos olhos do outro e dizer num suspiro amo-te e sempre te amarei, até à eternidade. É enfrentar os nossos medos e conseguir ir noutra direção sem medo de caminhar sozinho, sem olhar para trás para não ter que dizer adeus ou simplesmente um até já.
Se tivesse que personificar o amor, personificaria e projectava a sua imagem numa bela rosa vermelha, queimada do passar do tempo e com espinhos que podem ferir se não tivermos cuidado e cautela.
O amor é assim, bonito como a rosa mas ao mesmo tempo perigoso como uma estrada vazia a pedir uma corrida a alta velocidade, onde o som das travagens é o cântico mais calmo do mundo.
Será o amor fogo que arde sem se ver?
O amor é o sentimento mais explícito do mundo, os olhares de amor são sempre denunciadores, as palavras dirigidas ao outro serão sempre palavras mais doces e os gestos são e serão sempre de doce concordância.
Conseguirei eu algum dia descrever o amor tal como é?
Conseguirei eu transmitir por palavras a magia do amor?
Um dia talvez sem pressa nem atropelamentos, um dia conseguirei.
Um dia talvez.

Ana Silva 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Momentos

A história da nossa vida faz-se de capítulos em capítulos, de momentos em momentos e até mesmo de episódios em episódios.
Um dia acordamos com todas as forças para enfrentar o mundo sem receios, no outro dia já somos pequenos fragmentos do todo que se partiu desde ontem.
Somos obrigados a ter que suportar situações menos agradáveis porque o medo do confronto directo é enorme. Porque não conseguimos pensar num amanhã liberto de assombrações, porque não conseguimos apreciar a vida tal como é: simples e curta.
A minha vida até se pode vir a tornar curta e instantânea, mas sozinha vivi momentos inesquecíveis, já ri de mim mesma, já cantei no chuveiro a alto e bom som, já dei um abraço a quem nunca esperava por isso, já disse eu gosto de ti sem ninguém me pedir, já escrevi o que sentia bem ou mal, mas já escrevi. Já chorei de dor, já chorei apenas por birra, mas já derramei lágrimas porque a vida tal como um rio passa e não volta mais. E eu mais do que ninguém tenho essa forte consciência.
Não derramo lágrimas porque passou, porque isso aceito é o curso natural da vida. Derramo sim porque todos nós perdemos tempo com coisas pequenas e mesquinhas, deixamos de lado as coisas mais importantes, como respirar e sentir o vento a tocar a nossa alma, deixar que o sol nos indique o caminho.
Eu sei que para muitos isto não passa de uma triste filosofia de vida, até pode ser, não condeno quem pense desta forma, mas sempre posso lamentar o seu pensamento.
Quem nunca tentou, quem nunca batalhou nunca saberá interpretar estas palavras, nunca saberá compreender o verdadeiro significado de todas estas ideias.
O dia a dia muitas vezes é como uma orquestra desafinada, nem todos tocam na mesma hora nem no mesmo compasso. Mas saberemos nós sermos os maestros da nossa própria orquestra?
Por vezes esta pode ser uma tarefa um quanto ao tanto difícil, mas com compreensão e calma lá chegaremos.
É certo que lá chegaremos.

Ana Silva

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


Todos somos a diferença
















Eu olho para ele e sinto-me completa.
Eu olho para ele e amo-o não por ele ser diferente, mas sim por ser único e especial.
Não sinto pena, não desvio o meu olhar, não desdenho e acima de tudo não sinto medo.
Fixo-me nos seus olhos e consigo sentir o seu amor, o seu carinho, a sua forma delicada de ver o mundo à sua maneira, acima de tudo a sua capacidade de moldar o mundo à sua forma e semelhança.
Não espera que o mundo o abrace, porque simplesmente ele já o abraçou desde que nasceu.
Gostava que o mundo compreende-se de vez a falta que eles nos fazem, eles ensinam-nos a viver de forma simples, mostram-se como um pequeno gesto, como um abraço ou um beijo pode mudar a nossa vida até mesmo o nosso mundo.
Entender a sua forma de estar, compreender a sua própria linguagem, impulsioná-los na rampa de lançamento que é a vida devia ser uma obrigação de todos nós.
Vivemos imbuídos de tal forma na nossa própria vida, vivemos para nós e para as nossas coisas, que nos esquecemos que para além da nossa visão existe um mundo que espera por nós, pela nossa bondade de ajudar o próximo e pela nossa dedicação.
Prefiro acreditar com todas as minhas forças que o mundo se encontra em mudança e que as diferenças vão deixar de ser um monstro nas consciências das pessoas.
Não vejo nenhum entrave nem imposição constante destas crianças na minha vida, na minha rotina nem na minha forma de estar.
Não tenho em mim o direito de fazer na primeira pessoa, não tenho o direito de ser porta voz de quem vive esta realidade todos os dias e sente-se bem e feliz com isso, não tenho o direito de julgar, porque também erro como qualquer outro ser humano, não fosse o erro inerente à condição humana.
Quero apenas ser um pouco melhor, quero amá-los sem condições, quero poder privar com eles e com tudo que eles me possam dar, quero ser para eles um pouco daquilo que o céu é para as nuvens.
Quero complementar-me para os fazer um pouco mais felizes porque simplesmente o merecem.
O mundo é grande o suficiente para estarmos todos juntos, sem restrições, sem maldades e sem discriminação cruel e dolorosa.

Ana Silva 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013















Carta aberta ao mundo, seja ele a cores ou a preto e branco

O mundo não pára, não espera por indefinições de quem quer mas se calhar não consegue. O mundo gira sem saber o porquê, mas mesmo assim todos os dias o faz no mesmo compasso e na mesma velocidade.
Eu vejo um mundo a cores, mas ao mesmo tempo também consigo ver um mundo a preto e branco. Consigo e tenho a capacidade de viver nesse mundo, onde todos temos um lugar, onde todos temos uma finalidade e onde todos construímos um só.
Nascemos porque todos nós temos um destino traçado, somos pequenas peças num puzzle gigante.
A certa altura crescemos e começamos a moldar o mundo à nossa forma, vemos e deduzimos as coisas à nossa própria maneira, porque iniciamos o processo de formação da nossa personalidade.
E o mundo continua a girar sem parar, sem saber o porquê, sem saber para que finalidade, mas continua sem hesitações.
Crescemos, marcamos as nossas posições, dizemos palavras certeiras e outras menos certeiras, zangámo-nos umas vezes com razão outras vezes sem motivo aparente, rimo-nos em momentos entusiasmantes, somos e fazemos os outros felizes.
E lá continua o mundo na mesma situação, gira, gira, gira e não sabe porquê. Mas continua firme e não olha sequer um minuto para trás, traça o seu único caminho que é o horizonte.
Quantas vezes já esperamos, quantas vezes já fizemos esperar, quantas vezes já caímos, quantas vezes já fizemos cair. Mas dia após dia continuamos a remar contra e a favor da maré.
Tal como o mundo quero continuar a minha grande batalha. Não me questiono, não fraquejo, não olho para trás e nunca vou parar.
E o mundo nunca pára. E o mundo gira sem saber o porquê.
E o que importa? Ele gira e sempre girará.

Ana Silva